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segunda-feira, 8 de outubro de 2018

EAS: elementos e sedimentos anormais



Que é o exame de elementos e sedimentos anormais (EAS) da urina?

O exame de elementos e sedimentos anormais (EAS) da urina, ou exame de urina tipo I, é um exame de rotina e corriqueiro, que procura fazer análise física (cor, aspecto, gravidade específica), análise química (pesquisa de pH, albumina, glicose, bilirrubina, cetona, etc.) e pesquisa de elementos anormais no sedimento da urina, como eritrócitos, leucócitos, cilindros, bactérias, células epiteliais, cristais, entre outros.

Como é feito o exame de elementos e sedimentos anormais (EAS) da urina?

De preferência, deve-se colher a primeira urina da manhã, em recipiente estéril, em geral fornecido pelo laboratório que procederá a análise. Comumente é usada a primeira urina da manhã, mas isso não é obrigatório e a urina pode ser coletada em qualquer período do dia. A urina deve ser levada ao laboratório dentro de uma hora após ser coletada e se isso não for possível deve ser mantida sob refrigeração, pelo prazo máximo de seis horas. O primeiro jato deve ser desprezado e serve para eliminar as impurezas que possam estar na uretra. Colhe-se o jato médio (40-50 ml de urina), desprezando-se também o jato final. Os homens devem lavar e secar previamente o pênis, com gaze estéril ou toalha bem limpa, retrair inteiramente o prepúcio e urinar sem contato com a urina. As mulheres devem lavar a região genital de frente para trás, enxaguar e secar, também usando gaze estéril ou toalha limpa e, ao urinar, manter os grandes lábios da vagina afastados, de modo que a urina seja colhida sem contato com o corpo. As crianças devem colher a urina no laboratório, sempre que possível, e com cuidados especiais de assepsia. Mesmo em adultos, o ideal é colher a urina no próprio laboratório, pois quanto mais fresca estiver a amostra, mais confiáveis serão seus resultados.

No laboratório o exame é feito por partes. O médico examinará macroscopicamente o aspecto físico da urina (coloração, presença de sedimentos, odor, etc.) e em seguida submeterá a urina a reações químicas, observando algumas gotas ao microscópio. Por meio desses recursos, o laboratorista detecta a presença e a quantidade de vários componentes da urina.

Por que fazer a pesquisa de elementos e sedimentos anormais (EAS) na urina?

O exame de EAS fornece informações úteis no diagnóstico e seguimento de várias doenças renais e extrarrenais, e dá uma visão do trato genitourinário como um todo. Trata-se de um exame simples e indolor, obtido de uma amostra de urina colhida de forma não-invasiva, de baixo custo e facilmente accessível. Tudo isso faz do EAS um exame muito solicitado. A presença de glicose na amostra de urina pode sugerir diabetes ou alguma lesão tubular. A proteinúria, se moderada, indica disfunção tubular ou lesão glomerular, quando é mais elevada. Em doenças renais, a pesquisa de elementos anormais (leucócitos, eritrócitos, bactérias, etc.) tem papel fundamental na detecção e acompanhamento das doenças. A hematúria, correspondente ao aumento do número de eritrócitos na urina, permite estudar a morfologia dos eritrócitos, de grande interesse no diagnóstico e avaliação de muitas enfermidades. Os cilindros que podem aparecer na urina são precipitados proteicos moldados na luz do túbulo renal e podem englobar células, bactérias, hematina e outros elementos e, dessa forma, dão informações sobre o que ocorre nos néfrons. A presença de leucócitos é um indicador de inflamação ou infecção no trajeto da urina. Se a urocultura, que normalmente é solicitada a seguir, der resultado negativo, a presença de leucócitos pode ser manifestação de infecção por clamídia, tuberculose do trato urinário, cálculo urinário, nefrite túbulo-intersticial, processos inflamatórios pélvicos, etc. A presença de um grande número de bactérias, se não for devido à contaminação, indica a possibilidade de infecção. Se as células epiteliais estiverem presentes em grande número na urina, deve-se proceder à análise citológica do sedimento urinário, em amostra especificamente colhida para este fim. O exame de EAS apresenta muitos falsos positivos e falsos negativos e, por isso, não dá para se fechar qualquer diagnóstico apenas com os resultados desse exame. Outros exames confirmatórios mais complexos devem ser empreendidos.

Qual o significado clínico dos exames de elementos e sedimentos anormais (EAS) da urina?

Os valores de referência, considerados normais, são:


  • Densidade da urina: os valores normais variam de 1005 a 1035, considerando-se a densidade da água pura igual a 1000. Quanto mais próxima de 1005, mais clara é a aparência da urina e quanto mais próxima de 1035, mais amarelada e com odor mais forte. Uma densidade baixa ocorre quando há uso excessivo de líquidos por via intravenosa, insuficiência renal crônica, hipotermia, aumento da pressão intracraniana e hipertensão arterial. Uma densidade alta sugere desidratação, diarreia, vômitos, febre, diabetes mellitus, glomerulonefrite, insuficiência cardíaca congestiva, etc.
  • pH da urina: o pH normal da urina varia entre 5,5 e 7,0; sendo a urina mais ácida quanto menor o valor do seu pH e mais alcalina quanto maior for esse valor. A acidez da urina pode ser útil no tratamento das infecções do trato urinário, pois os micro-organismos geralmente não se multiplicam em meio ácido. O pH da urina revela a capacidade ou incapacidade dos rins de secretar ou reabsorver ácidos ou bases. Valores altos podem indicar presença de cálculos renais e infecção das vias urinárias. Valores baixos indicam perda de potássio, dieta rica em proteínas, infecção das vias urinárias, diarreias severas ou o uso de anestésicos.
  • Glicose na urina: normalmente a urina não mostra presença de glicose e a ocorrência dela pode significar que os níveis sanguíneos também estão altos, seja pela presença de diabetes, seja por uma doença dos túbulos renais.
  • Proteínas na urina: em situações normais, as proteínas só estão presentes em muito pequenas quantidades, que nem costumam ser detectadas. Ela ocorre em diversas doenças renais e no diabetes mellitus.
  • Hemácias na urina (sangue na urina): em condições normais a quantidade de hemácias na urina é desprezível. Os valores normais da presença de hemácias são menores que 3 a 5 hemácias por campo do microscópico, ou menos que 10.000 células por mililitro. Uma quantidade maior de hemácias está presente nas hemorragias urinárias (infecções, cálculo renal, tumores, etc.). A mulher menstruada pode apresentar hemácias na urina por contaminação durante a coleta.
  • Leucócitos na urina (pus na urina): a presença de leucócitos na urina costuma indicar que há alguma inflamação nas vias urinárias, mas eles podem estar presentes em várias outras situações.
  • Corpos cetônicos na urina: normalmente a produção de cetonas é muito baixa e estas não estão presentes na urina. Corpos cetônicos estão presentes em pacientes diabéticos ou em casos de jejum prolongado.
  • Urobilinogênio e bilirrubina na urina: também normalmente ausentes na urina. Valores altos de bilirrubina sugerem doenças hepáticas, biliares ou neoplasias. Os recém-nascidos podem apresentar uma alta fisiológica de bilirrubina. Um urobilinogênio alto indica doenças no fígado, distúrbios hemolíticos ou porfirinúria.
  • Nitritos na urina: a presença de certas bactérias na urina pode ser constatada pela transformação de nitratos em nitritos.
  • Cristais na urina: a presença de cristais na urina, principalmente de oxalato de cálcio, fosfato de cálcio ou uratos amorfos, não tem nenhuma importância clínica. Outros, como cristais de cristina, magnésio, tirosina, bilirrubina, colesterol e ácido úrico costumam ter relevância clínica.
  • Células epiteliais e cilindros na urina: qualquer presença de células epiteliais na urina é anormal, mas elas só têm significado clínico quando se agrupam em forma de cilindros.
  • Muco na urina: a constatação da presença de muco na urina tem pouquíssima utilidade clínica.
  • Ácido ascórbico (vitamina C) na urina: a presença de ácido ascórbico na urina pode alterar os resultados de detecção de hemoglobina, glicose, nitritos, bilirrubina e cetonas.
  • A cor da urina normalmente é amarela clara, límpida. A turvação da urina pode indicar infecção. A presença de sangue na urina dá a ela uma cor laranja avermelhada. É um sinal de doença dos rins e do trato urinário que pode ser grave. Alguns medicamentos podem conferir à urina coloração verde, azul ou laranja escura.

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