Os diferentes leucócitos e suas funções
Neutrófilos
Os neutrófilos são uma classe de células sanguíneas leucocitárias, que fazem parte do sistema imunológico e são um dos 5 principais tipos de leucócitos (neutrófilos, eosinófilos, basófilos, monócitos e linfócitos).
São leucócitos polimorfo nucleados, têm um tempo de vida médio de 6h no sangue e 1-2dias nos tecidos e são os primeiros a chegar às áreas de inflamação, tendo uma grande capacidade de fagocitose. Estão envolvidos na defesa contra bactérias e fungos. Os neutrófilos possuem receptores na sua superfície como os receptores de proteínas do complemento, receptores do fragmento Fc das imunoglobulinas e moléculas de adesão.Quando visualizada no sangue periférico através de um esfregaço sanguíneo e coradas o neutrófilo apresenta-se como uma célula de diâmetro entre 12-15µm (micrômetros). Seu núcleo é polilobulado geralmente apresenta três lóbulos ligados por um fino filamento nuclear. Seu citoplasma é abundante e possui grânulos finos dispersos. Os seus granulos são divididos em primários e secundários. Os primários aparecem no estágio promielócito. Os secundários (específicos) encontrados no estágio mielocítico e predominantes no neutrófilo maduro.
Funções
Neutrófilos são fagócitos capazes de emitir prolongamentos citoplasmáticos que envolvem partículas estranhas, que são digeridas por enzimas presentes nos vacúolos celulares. Ao fagocitar, forma-se o fagossomo onde os microrganismos serão mortos pela liberação de enzimas hidrolíticas e de espécie reactiva de oxigénio. O consumo de oxigênio durante a reação de espécies de oxigênio é chamado de queima respiratória que nada tem a ver com respiração celular ou produção de energia.A "queima respiratória", ou "respiratory burst", envolve a ativação da enzima NADPH-oxidase, que produz grandes quantidades de superóxido, uma espécie reativa do oxigênio. Superóxido gera o peróxido de hidrogênio que é convertido em ácido hipocloroso (HClO) pela enzima mieloperoxidase. É o HClO que tem propriedades suficientes para matar a bactéria fagocitada.
No citoplasma dos neutrófilos existem grânulos contendo proteínas:
- Grânulos específicos (ou "secundários") Lactoferrina e Catelicidina
- Grânulos azurófilos (ou "primários") Mieloperoxidase, Proteína de aumento da permeabilidade /bactericida (BPI), Defensina e Serino protease neutrófilo elastase e Catepsina G
- Grânulos terciários Catepsina, Gelatinase
Neutrófilos são as células mais abundantes dentre 50-70% dos leucócitos. Quando há um aumento no número de neutrófilos circulantes é chamado de neutrofilia e quando há diminuição neutropenia.
Eosinófilos
Granulócitos eosinófilos, geralmente chamados de eosinófilos (ou, menos comumente, acidófilos), são células do sistema imune responsáveis pela ação contra parasitas multicelulares e certas infecções nos vertebrados. Junto com os mastócitos, também controlam mecanismos associados com a alergia e asma. Desenvolvem-se na medula óssea (hematopoiese) antes de migrar para o sangue periférico.
Tais células são eosinofílicas (possuem "afinidade por ácido") - normalmente transparentes, aparecem de cor vermelho-tijolo após coloração com a eosina, um corante vermelho e ácido. A coloração fica concentrada em pequenos grânulos no citoplasma celular, que contêm vários mediadores químicos, como a histamina e proteínas como a peroxidase de eosinófilos, ribonuclease (RNase), desoxirribonucleases, lipase, plasminogênio, e a proteína básica maior. Estes mediadores são liberados por um processo chamado desgranulação após a ativação do eosinófilo, e são tóxicos para os tecidos do parasita e hospedeiro.
Em indivíduos normais eosinófilos constituem cerca de 1-6% das células brancas do sangue, e têm cerca de 12-17 micrômetros de tamanho. Em condições normais são encontrados na medula óssea, na junção entre o córtex e medula do timo, no trato gastrointestinal, ovário, útero, baço e linfonodos, mas não em órgãos como o pulmão, pele e esôfago. A presença de eosinófilos no último desses órgãos está associado a algumas doenças. Eosinófilos persistem na circulação por 8-12 horas, e podem sobreviver nos tecidos por um período adicional de 8-12 dias, na ausência de estimulação.
uando visualizadas no esfregaço do sangue periférico, os eosinófilos apresentam tamanho que varia entre 12-17 µm. Estas células apresentam um núcleo bilobulado[1] muito evidente quando observado por microscopia de luz. O citoplasma do eosinófilo é repleto de grânulos, sendo essa a principal característica para sua identificação. Outras organelas como mitocôndrias, retículo endoplasmático e complexo de Golgi são pouco desenvolvidas.[1]
Os grânulos citoplasmáticos do eosinófilo apresentam uma morfologia única.[2] Possuem em sua região mais interna um núcleo cristaloide, que pela microscopia eletrônica de transmissão se mostra geralmente bastante escurecido (elétron-denso). O principal componente do cristaloide é a proteína básica principal (MBP), rica em arginina, que constitui 50% das proteínas do grânulo e é responsável por sua acidofilia e este núcleo está rodeado por uma matriz geralmente mais clara (elétron-lúcida).
Eosinófilos desenvolvem e amadurecem na medula óssea. Diferenciam-se a partir de células precursoras mielóides em resposta às citocinas interleucina 3 (IL-3), interleucina 5 (IL-5), e fator de estímulo de colônias de granulócitos macrófagos (GM-CSF). Eosinófilos produzem e armazenam muitas proteínas do grânulo secundário antes da sua saída da medula óssea. Após a maturação, circulam no sangue e migram para locais de inflamação nos tecidos, ou para os locais de infecção por helmintos, em resposta a citocinas como CCL11 (eotaxina-1), CCL24 (eotaxina-2), CCL5 (RANTES), e leucotrienos como o leucotrieno B4 (LTB4).
Nos locais de infecção são ativados por citocinas tipo 2 e por um subconjunto específico das células T helper (Th2).
Se desenvolvem em aproximadamente uma semana, circulam com meia vida de 8 a 18 horas e se aderem nos tecidos (principalmente mucosas), ondem vivem por várias semanas. Para cada 1 eosinófilo circulante existe cerca de 300 a 500 nos tecidos.
Função
Na sequência de ativação, eosinófilos funções efetoras incluem a produção de:
- proteínas catiônica do grânulo e a sua libertação pela desgranulação.
- espécies reativas de oxigênio, como superóxido, peróxido e ácido (hipobromito hipobromoso, que é preferencialmente produzido pela peroxidase de eosinófilos).
- Mediadores lipídicos como os eicosanóides dos leucotrienos (por exemplo, LTC4, LTD4, LTE4) e prostaglandinas (eg, PGE2) famílias. Enzimas, como a elastase.
- Fatores de crescimento como o TGF beta, VEGF e PDGF. [9] [10]
- Citocinas como a IL-1, IL-2, IL-4, IL-5, IL-6, IL-8, IL-13 e TNF alfa.
Além disso, os eosinófilos desempenham um papel na luta contra as infecções virais, o que é evidente a partir da abundância de RNAses que eles contêm dentro de seus grânulos, e na remoção de fibrina durante a inflamação. Juntamente com basófilos e mastócitos, são importantes mediadores das respostas alérgicas e patogênese da asma e estão associados com a severidade da doença. Eles lutam também contra a colonização de helmintos (verme) e podem estar ligeiramente em número elevado na presença de certos parasitas. Os eosinófilos também estão envolvidos em muitos outros processos biológicos, incluindo o desenvolvimento pós-púberes da glândula mamária, ciclismo estro, a rejeição do enxerto e neoplasias. Eles também têm sido recentemente implicados na apresentação de antígenos às células T.
eguindo a ativação de um estímulo imunológico, eosinófilos sofrem desgranulação para liberar uma série de grânulos citotóxicos proteínas catiônicas que são capazes de induzir lesão tecidual e disfunção. Estes incluem:
- Proteína básica principal (MBP)
- Proteína catiônica eosinofílica (ECP)
- Peroxidase eosinofílica (EPO)
- Neurotoxina derivada de eosinófilos (EDN)
Um aumento de eosinófilos, isto é, a presença de mais de 500 eosinófilos/microlitro de sangue é chamado de eosinofilia, e é geralmente visto em pessoas com uma infestação parasitária no intestino, doença do colágeno (como a artrite reumatóide), doenças malignas tais como a doença de Hodgkin, doenças de pele extensas (como dermatite esfoliativa), doença de Addison, no epitélio escamoso do esôfago, no caso de esofagite de refluxo, a esofagite eosinofílica, e com o uso de certas drogas como a penicilina. Em 1989, suplementos contaminados com L-triptofano causaram uma forma mortal de eosinofilia conhecida como síndrome de eosinofilia-mialgia.
Os eosinófilos desempenham um papel importante na asma, uma vez que o número de eosinófilos acumulados corresponde à gravidade da reação asmática. A Eosinofilia em modelos de ratos mostrou estar associada a altos níveis de interleucina-5. Além disso, as biópsias brônquicas da mucosa realizadas em pacientes com doenças como a asma têm níveis mais altos de interleucina-5, levando a níveis mais altos de eosinófilos. A infiltração de eosinófilos nessas altas concentrações causa uma reação inflamatória. Isso leva a remodelação das vias aéreas e dificuldade em respirar.
Eosinófilos também podem causar danos nos tecidos nos pulmões de pacientes asmáticos. São observadas altas concentrações de proteína básica principal (MBP) de eosinófilos e neurotoxina derivada de eosinófilos (EDN) que se aproximam de níveis citotóxicos em locais de desgranulação nos pulmões, bem como no escarro asmático.
Basófilos
Possui forma esférica e núcleo irregular em forma de trevo. Tem tamanho de aproximadamente 10-15 µm (micrometros). Seu núcleo geralmente é segmentado ou bilobulado, raramente com três ou mais lóbulos. Seu citoplasma é levemente basofílico (cor azul) e quase sempre ofuscado pelos vários grânulos grosseiros corados de roxo. Os grânulos estão dispostos irregularmente cobrindo também o núcleo.
Função
Célula envolvida nas reações de hipersensibilidade imediata, acredita-se que também participam de processos alérgicos; produzem histamina e heparina. Não são considerados os precursores dos mastócitos pois eles têm origens diferentes. Os basófilos são ativados pela presença de estímulos como as anafilotoxinas (complementos C3a, C4a e C5a) e os complexos IgE-antígeno. A resposta dos basófilos traduz-se em dois processos complementares: desgranulação e libertação de histamina; e síntese e libertação dos produtos da cascata do ácido araquidónico: leucotrienos, tromboxanos e prostaglandinas. A sua participação no choque anafilático (sistêmico) é maior que o mastócitos, pois os basófilos são células que realmente estão presentes no sangue, e liberam os mediadores para a circulação.
Monócitos
Um monócito é um leucócito: parte do sistema imunitário do corpo humano. É um dos 5 tipos principais de leucócitos (neutrófilos, eosinófilos, basófilos, monócitos e linfócitos) baseado na aparência em esfregaços vistos com microscopia óptica.
Os monócitos desenvolvem-se a partir da medula óssea, circula depois na corrente sanguínea por poucos dias e finalmente deslocam-se para os tecidos onde, por razões históricas, são denominados macrófagos (ou outros nomes).
Os macrófagos são os responsáveis pela protecção dos tecidos. Mantêm os tecidos livres de corpos estranhos. São também as células predominantes na arteriosclerose.
Linfócitos
Os linfócitos são encontrados no sangue contribuindo para 20-30% dos leucócitos. Esta porcentagem varia muito de acordo com a saúde do paciente. Se ele está deprimido, estressado, esta porcentagem cai muito, ou no caso de uma infecção viral, esta porcentagem cresce bastante. Numa rejeição de transplante, observamos grande aumento de linfócitos. Uma baixa quantidade de linfócitos no sangue atesta que o corpo não possui defesas contra doenças perigosas como o cancro (câncer).Para observar os linfócitos em microscópio é necessário fazer colorações específicas, assim será possível fazer um estudo da morfologia dos linfócitos. Geralmente os linfócitos entre os leucócitos do sangue são as menores células.
Análise microscópica do sangue periférico mostra que um linfócito pequeno normal tem entre 10-12 micrômetros de diâmetro, um núcleo redondo com cromatina condensada e citoplasma escasso pouco basofílico. Normalmente o linfócito pequeno tem o tamanho aproximado de uma hemácia (aproximadamente 7 micrômetros de diâmetro).
São três os tipos de linfócitos: Natural Killers (ou células NK), linfócitos T e linfócitos B.
Células NK
São parte da imunidade celular mediada. Eles podem atacar a célula hospedeira. Células NK tem parte importante no sistema imune inato e papel principal defendendo o hospedeiro tanto em tumores como em infecções virais. Células NK cells distingue células infectadas e tumorosas de células normais não infectadas por reconhecimento de alterações nos níveis da molécula de superfície chamada de MHC - classe I (Complexo principal de histocompatibilidade). As células NK são ativadas por citocinas chamadas interferons. Ativadas, as células NK liberam grânulos citotóxicos que destroem as células hostis
Linfócitos T
São assim chamados pois sofrem maturação no timo sendo também conhecidos pelo nome de timócitos. São responsáveis pela imunidade celular. Organismos estranhos ou células infectadas são destruídas pelas células T em um complexo mecanismo. Há vários tipos de linfócitos T:
- Linfócitos CD8+, T8, Tc ou Citotóxicos (célula killer): Destroem as células infectadas através de mecanismo de apoptose, que é a morte celular programada.
- Linfócitos CD4+, T4, Th ou Auxiliares (T helper): São os intermediários da resposta imunitária que proliferam após o contato com o antígeno para ativar outros tipos de células que agirão de maneira mais directa. Existem 2 subtipos conhecidos de linfócitos T auxiliares: Th1 e Th2.
- Linfócitos T Memória: ou Células T de memória são derivadas de outros linfócitos T que aprenderam a responder a um invasor específico, por exemplo uma espécie de bactéria, ou um tipo de fungo ou mesmo a um alérgeno e foram bem sucedidos em eliminar-los. Passam a viver por muitos anos, e podem ser re-ativados para uma resposta mais rápida a um invasor similar ao que combateu no passado. Por exemplo, um linfócito que foi ativado para combater sarampo (por contato direto ou por vacina) pode seguir combatendo novas invasões pelo vírus do sarampo garantindo imunidade vitalícia a esse indivíduo.
- Linfócitos T Reguladores: Produzem mensageiros químicos que inibem a actividade das células B e T quando a infecção se encontra debelada. São células T que evitam as doenças autoimunes. Os Linfócitos T Reguladores também são conhecidos como T-Reg ou Treg.
- Linfócitos T Supressores: é um termo antigo utilizado para designar os Linfócitos T Reguladores.
Linfócitos B
São assim chamados por terem sido inicialmente estudados na bursa de Fabricius, um órgão das aves. Os linfócitos B fazem reconhecimento direto de antígenos, através de proteínas de superfície, marcadores fenotípicos que reconhecem antígenos e apresentam para linfócitos T CD4, estes então ativam a população de linfócitos B específica do antígeno, iniciando dois processos:
Clonagem: diversas divisões celulares simétricas de linfócitos B que reconheceram algum antígeno específico. Poucas células dessa divisão celular simétrica irão ser reservadas como células de memória, também podendo ser chamadas de Linfócitos B de Memória, células que permanecerão inativas até nova exposição pelo mesmo antígeno, sendo a resposta imune mais eficaz nessa segunda exposição. Já a maioria das células simétricas produzidas pela clonagem, irão sofrer o processo de diferenciação.
Diferenciação: Maioria dos Linfócitos B produzidos pelo processo de clonagem irão se diferenciar em Plasmócitos, células responsáveis pela imunidade humoral.
Os Plasmócitos (Linfócitos B que foram ativados e diferenciados) produzem imunoglobulinas, chamadas de anticorpos, contra antígenos específicos estranhos que ativaram a diferenciação dos Lifócitos B. Os plasmócitos possuem um retículo endoplasmático rugoso bem desenvolvido com a capacidade de produzir anticorpos em massa.
Os linfócitos B ativados se transformam em plasmócitos e em células memória, com maior longevidade que os plasmócitos. As células memória possuem a capacidade de reconhecerem um determinado antigénio caso o encontrem de novo na corrente sanguínea. Após este reconhecimento, os linfócitos B memória clonar-se-ão em outras células B memória e plasmócitos.
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